sexta-feira, 15 de agosto de 2008

TV Digital HDtV: o controle em suas mãos

TV Digital HDtV: o controle em suas mãos
Por Adriana Lima


Certamente quando a nomenclatura "controle remoto universal para TV" foi criada, muita gente imaginava que na palma das mãos estaria o mentor de inúmeras atividades como fazer uma ligação, reprisar o filme que passou na TV aberta ou mesmo fazer compras pelo anúncio transmitido na telinha. Depois de esclarecidas, estas mesmas pessoas agora não devem se assustar com o advento da HDTV - High Definition Television, ao pé da letra, Televisão de Alta Definição, e com as promessas que esta nova tecnologia pretende trazer. Com diferenciais que vão desde a melhoria da qualidade da imagem até a possibilidade de escolher o mesmo vestido da atriz da novela e comprá-lo, a TV Digital é uma novidade que ainda traz polêmicas opiniões: muita gente dizque vai mudar muito, outras acreditam que não, e algumas ainda acham que é imprevisível medir os resultados. Trazendo esta realidade para a área de comunicação empresarial, surgem algumas perguntas em relação à HDTV: vão surgir novos formatos de mídia? Minha agência precisa mudar para se adequar à nova tecnologia? O que muda no comportamento do consumidor em relação à publicidade na HDTV?E na produção dos VTs, é preciso mudar algo? Tudo vai mudar agora? O que ainda vaicontinuar por um tempo? Entre tantas dúvidas, encontramos algumas respostas que podem ajudar agências e profissionais neste assunto.É claro que nem todas as dúvidas poderão ser respondidas agora, uma vez que a TV Digital ainda está ensaiando seus primeiros passos e, como a própria tecnologia também o é, ela é cheia de mudanças. E muito.A primeira mudança (e as controvérsias)Sem sombra de dúvidas, a mudança mais visível da TV Digital é a qualidade da imagem. A TV analógica, a que normalmente conhecemos, é sujeita a ruídos e interferência nas transmissões.Esses problemas acontecem porque a imagem é codificada como variações na freqüência, amplitude e intensidade de um sinal de rádio. Qualquer aparelho ou transmissor operando em uma freqüência próxima pode distorcer o sinal. E se ele estiver fraco, a TV não consegue decodificar a imagem. Nas grandes cidades, o efeito piora ainda mais, pois o sinal é refletido pelos prédios e chega em múltiplas cópias, com atraso, aos receptores, ocasionando os famosos "fantasmas" na imagem. Em casa, aparelhos como liquidificadores, secadores de cabelos e máquinas de lavar podem causar interferência na imagem, como "chuviscos", quando ligados. Antenas internas são ineficientes (mesmo com a famosa palha de aço na ponta...), e para receber uma boa imagem você precisa investir em uma antena externa ou, em prédios, em uma antena coletiva.Já na TV Digital, as transmissões funcionam como uma longa corrente (stream) de bits, zeros e uns. Variações no sinal não afetam a imagem, já que algoritmos de correção de erros permitem reconstruir (até certo ponto) pedaços do sinal que porventura tenham sido corrompidos ou perdidos. Na HDTV, a intensidade do sinal não é ímpar, basta que ele esteja presente. É como quando você está falando ao celular. Não importa se a tela mostra a força do sinal como cinco ou três barrinhas, você ainda consegue falar, desde que haja barrinhas (ou sinal). Mas, ao contrário do que a indústria diz, a recepção não é assim tão exata. Se houver perda severa de parte do sinal, a imagem na tela pode se tornar um amontoado de quadrinhos coloridos,o áudio pode falhar ou tudo pode congelar. Quem tem TV via satélite, como Sky ou DirecTV, ou já tem sinal digital na TV a cabo, provavelmente já viu algo semelhante acontecer durante uma empestade mais forte.Para entender melhor, basta lembrar do surgimento do sinal GSM na telefonia móvel. É claro que alguns problemas surgiram, até para quem pagou caro naquele aparelho importado ou trocou de operadora repentinamente. É mais ou menos por este caminho que a TV Digital deve seguir. A interatividade também não veio com a estréia, em nenhum país do mundo, e deve ficar ainda na reserva por um tempo. Outro entrave é a possibilidade de se deparar com a velha tela azul, que representa a falta de sinal, uma vez que a nova tecnologia ainda está em aprimoramento no Brasil. As áreas de sombra, que representam locais aonde o sinal ainda não chega por conta de alguns obstáculos,também são possíveis. Então, quer dizer que ainda não é o momento certo para se aventurar nesta onda digital? Se levarmos em conta o preço dos conversores, os possíveis ajustes que ainda podem acontecer e a dor de cabeça que tais ajustes podem causar,a resposta é não. Mas se testar novas tecnologias for diversão para você, vale espremer o orçamento e embarcar na aventura.A propaganda muda com a HDTV?Primeiro surgiu o comércio pessoal, aquele cara a cara, que em seguida foi substituído pelo via telefone e finalmente pelo e-commerce. Quem acha que parou por aí vai se assustar quando começar a ouvir por aí a expressão "t-commerce", o comércio eletrônico que será conduzido por meio da TV Digital. Se a novidade vai demorar ou não é uma questão para ser respondida mais tarde,uma vez que profissionais e agências não estão perdendo tempo em se preparar e antecipar ações referentes à nova tecnologia.Já é certo que a interatividade na TV aberta vai mudar a forma de fazer propaganda, mas resta saber:• Como as emissoras vão se adaptar ao novo modelo de negócio, que ébaseado em audiência?• Como o consumidor vai receber este intercâmbio com os comerciais,uma vez que a compra ao clique do controle remoto pode desviar completamente sua atenção sobre, por exemplo, o filme que estavaassistindo (uma vez que uma compra pode demorar mais do que os 10 minutos previstos no comercial)?• Haverá o tempo do comercial ou a compra será feitasimultaneamente à programação?• Como agências e t-designers poderão projetaropções, soluções e respostas múltiplas a tantas oportunidades oferecidas ao consumidor/ telespectador?• O comercial (ou fazer compras) será mais importante que a novela ou o futebol, uma vez que posso gravá-lo ereprisá-lo quantas vezes quiser?Estas são apenas algumas das milhares de questões que passam pela cabeça dos profissionais da propaganda.Infelizmente a maioria delas só poderá ser respondida quando o processo de interação começar a ser visto naprática.Ainda assim, a expectativa dos representantes do setor é bastante animadora. "As agências e os anunciantes vão querer correr para serem os primeiros, porque isso transmite uma imagem de modernidade", afirma Dalton Pastore, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, sem detalhar o que já está em teste. Para ele, o que a tecnologia vai permitir que o telespectador faça é só um lado da moeda. "E o menos importante. Muito mais importante é o que ele vai querer fazer".Pastore ressalta que os consumidores estão acostumados "a comprar as coisas indo ver e isso não vai mudar em 2008". A questão é que não dá para prever o alcance de uma mudança desta magnitude no meio de comunicação mais popular do país, presente em 93% dos lares, segundo dados do IBGE. Para Ana Lúcia Fugulin, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing, antes da interatividade, o principal atrativo serão as plataformas móveis, com celulares e aparelhos em meios de transporte com a mesma qualidade de recepção dos pontos fixos. Aliás, com tantas formas de assistir à TV, ela pondera que o telespectador vai querer também ampliação do conteúdo exibido. "O público já está mais exigente e vai ficar ainda mais". Façam suas apostas, os dados estão lançados. Mas antes de qualquer resposta, é importante lembrar que o padrão atual de modelo de negócio da TV aberta que temos hoje foi construído ao longo de 60 anos de história da televisão. Logo, só o tempo dirá o formato adequado para a propaganda nesta era "tão" digital.

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